A sutil diferença entre o ouve e o houve
Há dez anos atrás, coisa que nunca havia passado pela minha
cabeça, fui convidado para escrever periodicamente no extinto Jornal de
Limeira. Entre receio e medo, fiquei com ambos, mas aceitei o desafio e o tempo
foi mostrando uma certa empatia com um público desconhecido até então por mim.
Misturei crônicas de cunho pessoal, causos acontecidos e críticas políticas e
de fatos. Mais tarde com o fechamento do jornal, fui convidado por este,
Tribuna de Limeira, no qual estou há quatro anos.
Talvez em razão de, em ambos, jamais terem tentado a exercer
qualquer tipo de censura aos meus escritos, nem de forma, nem de conteúdo, nem
de termos, sempre estudei os acontecimentos, perguntei para pessoas, visitei
locais, pesquisei antecedentes e, principalmente, acatei e o inseri no contexto.
Tudo para fornecer claramente todas as faces do fato para o meu leitor e dar
convicção das coisas para ele.
Ontem vi uma postagem numa rede social, onde uma amiga faz
referência a uma colocação do espetacular Oswald de Andrade (escritor e
dramaturgo brasileiro): “A gente escreve o que ouve, nunca o que houve!” e a
tomei como uma premonição do que estaria acontecendo nos tempos de hoje. Ainda
num clima de descobertas do poder das redes sociais, da liberdade e
oportunidade proporcionada por ela a todas as pessoas e ainda acirradas por
esta polarização gerada nas eleições passadas, cada um se acha no direito de
postar qualquer coisa, muitas vezes por mecanismos de repasse, sem qualquer
análise, pesquisa, coleta de informações. Radicalismos de todo ordem e lado,
grassam por toda a rede induzindo as pessoas a erro e a crenças duvidosas.
Basta ver o caso do médico inglês que lançou a falsa crença de que vacinas
causam problemas para crianças, tão viralizada na internet e que tantos
problemas está criando nos países do mundo todo (farsa já comprovada por seus
colegas e por associações médicas).
Quando lancei meu segundo livro minha amiga Andréa, que o
prefaciou, comentou que o primeiro volume era diferente, pois aquele era mais
pessoal, mais amoroso, mais amigo, mais sincero, tinha mais empatia, era mais
gostoso de ler. Pensando sobre isso, acho que estou me afastando de um velho
sonho de ainda escrever mais um livro, mas agora tem que ser um romance. Não
sei se tenho competência, já que meu mundo literário, até agora, foi de
crônicas, mas acho que a gente não deve tentar se afastar dos nossos sonhos,
quero falar de esperança, de cumplicidade, de amor mesmo. Acho que estou
ficando velho.
Portanto gostaria de agradecer a atenção dos meus leitores da
Tribuna de Limeira pela carinho, atenção dedicados a mim durante todo este
tempo e aos diretores do jornal, também, pelo tratamento sempre cordial,
profissional, cortês dados na recepção e publicação dos meus artigos. A partir
de hoje passarei apenas a postar meus escritos no meu blog (abaixo) e pretendo
me dedicar a reunir material para meu próximo livro (um sonho), mas agora tem
que ser romance, não sei se terei competência.
Sérgio Lordello
Comentários
Parabéns! Vamos sentir saudades das suas colunas no jornal!
Parabéns pela trajetória e sucesso nos novos desafios.