Super-herói
Mais tarde, foi se aventurar pelo mundo e começou a trabalhar
no Aeroporto de Viracopos na Panair do Brasil. Eu então, fruto da minha
imaginação, contava aos meus amigos que ele sempre andava naqueles aviões glamourosos
da empresa como o Constellation, DC3, DC7, Caravelle. Algumas vezes trazia pôster
deles e eu usava para aumentar minha exibição ao pessoal da rua. Mais tarde, já
casado, lançou seu primeiro livro de crônicas “Sonho da apressar primavera” e
eu passei a ter, agora, um irmão “escritor” e ele durante toda a minha
juventude nunca deixou de me incentivar (e até cobrar) à leitura de livros,
indicando os principais autores, as melhores publicações.
Fanático são-paulino mexia com todo mundo na Varga onde
trabalhava, principalmente quando por muitos anos o tricolor ganhava tudo e não
deixava nenhuma taça para os adversários. Por sua posição lá, nenhum subalterno
ousava dar o troco às suas investidas e estavam esperando sequiosos por uma
oportunidade para dar o revide. Até que surgiu quando um dia, eu estava de
férias na praia, nos tempos em que se comunicava apenas pelos orelhões, resolvi
ligar para ele tirando um sarro sobre minha mordomia. Como ele não estava na
sala, após o meu recado, os colegas esperaram a sua volta e quando ele chegou
foram logo o informando antes de caírem na gargalhada: - Sr. Sillas seu irmão ligou aí e perguntou se o senhor pode ajudá-lo a
decidir sobre qual cerveja pedir na barraca de praia em que ele está. Se Brahma
ou Skol?
Recentemente ele compareceu ao lançamento do meu livro de
crônicas “Jogando a conversa fora”, o qual ele prefaciou, lá na sede do CPP,
numa cerimônia simples, mas aconchegante. Dava para ver estampada em seu rosto
a alegria de ver o seu irmão também se tornar um “escritor”, como ele fora para
mim, pelo que ele teve direta participação com o seu incentivo.
Sérgio Lordello
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