Promessa é divida
E de repente veio ordem do gabinete para eu representar o
prefeito numa reunião de pares no teatro municipal de Araras (projeto de Oscar
Niemeyer) numa Audiência Pública sobre o final do processo de concessão da
Rodovia Limeira-Piracicaba quase vinte anos atrás. Tinha assumido há poucos
meses atrás, ainda me ajeitando na função e tive que me deparar com um sem
número de autoridades, mais fazendo festa do que interessados nos resultados
práticos, pois a ganhadora já estava definida e o contrato seria assinado em
breve.
Tomando ciência do processo praticamente na hora, questionei
publicamente o secretário estadual da época (governo Mário Covas) Michael
Zeitlin: porque numa rodovia que vinha lá de Itapira, pulava do trevo da
Anhanguera até a rotatória do “Três Avenidas”, continuava até Piracicaba e não
foi prevista nenhuma melhoria para esta interligação que passava por dentro de
Limeira, que teria que suportar todo o ônus do intenso tráfego do sul de Minas
ao Norte do Paraná e vice e versa? Sua resposta foi um compromisso assumido com
nossa cidade de que o governo estadual sabia das necessidades, mas que não
estavam previstas neste contrato de concessão e que tais obras deveriam ser
custeadas pelo Tesouro do Governo Estadual.
O tratamento dado no trecho perto do Cotil até o Portal das
Rosas foi apenas a duplicação da via, mas ainda com características urbanas,
sem tratamento adequado das intersecções permitindo cruzamentos em nível, não
distinção dos diversos atores como pedestres, ciclistas, veículos, caminhões e
etc. Se levarmos em consideração o enorme crescimento da população na região
Oeste da cidade com novos loteamentos, condomínios fechados, edifícios, um
campus novo da Unicamp, polos geradores de tráfego e que toda esta população
tem apenas duas vias para atingirem seus destinos (a própria rodovia e a
Fabrício Vampré), dá-se para prever o caos lá instalado.
Recentemente fui convidado, por um grupo de funcionários da
Unicamp, seus familiares, moradores da região que, indignados com as mortes, os
atropelamentos, os acidentes que grassam por lá, as visíveis dificuldades das
pessoas idosas nas faixas de pedestres mal colocadas, a participar do Movimento
“Rotatória Cotil/FT/Unicamp”, com o visível propósito de unir as autoridades e
personalidades de Limeira, sem bandeiras partidárias, sem cunho eleitoral, sem
mágoas ou ciúmes, para pressionarem quem prometeu e ainda não cumpriu.
Cabe a cada parte envolvida, vestir as sandálias da
humildade, empunhar a bandeira de Limeira e demonstrar porque são chamados de
autoridade. A população, representada por este grupo, está fazendo mais que
isso.
Sérgio Lordello
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Consistente, objetivo e verdadeiro.