Bacia turca
Todos
nós estamos enojados com a criatividade rasteira dos políticos no país. Um
escândalo atrás do outro, cada dia se descobre uma nova falcatrua, até a
contagem da moeda mudou em sua ordem de grandeza na era petista, de milhões de
reais para bilhões. Fico imaginando uma possível reunião no inicio do primeiro
mandato, sem testemunhas e sem celulares ou gravadores, com o grupo de sequazes
traçando estratégias para manutenção no poder por infinitos anos, com listas
das estatais, fundos de pensão, possíveis obras de grande porte, por ordem de
faturamento (ou reservas), quantidade de cargos, cronograma de eventos
políticos, partidos vulneráveis.
Talvez
utilizando as metodologias PES e ZOOP, bastante conhecidas na nossa região, teria
sido traçado um cronograma com datas, responsáveis, quantias, locais. Até
nomeações em órgãos de controle teriam ficadas estabelecidas em caso de algum
sobressalto e também a técnica da negação para confundir a opinião pública:
mãos à obra.
Nada
poderia atrapalhar num país como o nosso. Povo cordato acostumado a ver a
impunidade estar sempre presente, só os peixes pequenos serem presos: tudo
seria muito fácil. Mas de repente o tal de Roberto Jefferson, político ligado
ao PTB, amiguinho do governo, não gostou de alguma coisa lá no congresso
(quantia, divisão com mais pessoas, sabe Deus) e falou para todo mundo que seus
colegas recebiam pagamentos extras, por baixo do pano, para votarem tudo o que
o governo queria. Para piorar ainda mais, o processo aberto caiu nas mãos de um
negro de saco roxo, que estava na lista de cima (para o governo fazer média com
a minoria negra do país) e acreditava mais nos seus princípios de honestidade.
Conseqüência: pela primeira vez levou os mais altos mandatários do país atrás
das grades.
Um
fato aumentou mais ainda os problemas do governo sobre aqueles planos: a Lei
Anticorrupção, assinada em agosto de 2013. Em março de 2014 a Policia Federal
foi investigar uns doleiros do interior, donos de postos de gasolina, por
lavagem de dinheiro, foram puxando o fio da meada e descobriu um mega sistema
de corrupção envolvendo as maiores empreiteiras do país, políticos pertencentes
à linha direta de sucessão do país, os maiores partidos e podendo chegar ao
centro do poder.
Muitos
foram presos, outros estão passando uma temporada nas suas mansões, tomando sol
com uma tornozeleira eletrônica. Outros fizeram a delação premiada para
diminuir as penas e as grandes empreiteiras sinalizaram com o acordo de
leniência.
Semana
passada o juiz do processo mandou uma turma para o presídio de Curitiba e a
televisão mostrou as instalações bem diferentes das da casa deles, mostrando a
“bacia turca” para fazerem suas necessidades. Juro por Deus, fiquei com “uma
dó” deles.
Sérgio Lordello
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