O showman limeirense
Era
uma farra para a molecada. Comer fora quando eram crianças só havia um lugar:
Master Chicken, pois lá estaria o Joaquim para entretê-las com suas
brincadeiras, adivinhações, acertos, gincanas com os apetrechos que
possivelmente haveria nas bolsas das mães. Os pais adoravam, pois estariam
livres delas por um bom tempo. Era diversão garantida para toda a família.
Ainda
hoje, sempre rindo, contando piadas, com alguns artefatos próprios de mágicos,
tem sempre uma história na ponta da língua para alegrar o ambiente. Nome das
pessoas, para ele não existe, pois sempre arranja um codinome para cada um dos
frequentadores do Barzão, por exemplo: o Dalfré é o Raul Gil; o Júlio é o Fabio
Junior; Jair, o Borboleta ou ainda Paulinho Gogó; Jairo, o Tinta; Martinatti é
o Mário Covas; Paulo Muleta e assim por diante. E lógico, a reciproca também é
verdadeira, pois todos lá se referem a ele como “Meia Meia” e eu nem imagino
ainda o porque.
Todo
dia, estaciona estrategicamente a sua Belina em algum ponto próximo da turma na
pracinha, aciona o alarme da porta, mas não a trava, propositalmente. É o sinal
para quem estiver próximo ir sorrateiramente até o veiculo e disparar o alarme.
Imediatamente lá vem ele, todo esbaforido, perguntando sobre quem seria o
engraçadinho responsável por tal arte. Todo santo dia é assim.
Vira
e mexe faz algum bico como churrasqueiro em algumas festas, mas eu diria que
sua atuação não se limita apenas com as carnes. Lá chegando espalha cartazes
manuscritos (ô letrinha feia) pelas paredes com charadas para as pessoas
matarem, depois cuida da fome do pessoal com sanduiches fatiados, nos quais acrescenta,
sabiamente, tudo o que encontra por perto como: saladas; queijos; pimenta e até
banana, cada um com seu sabor característico. Depois se junta à criançada
entregando chicletes ao primeiro que acertar suas perguntas ou ainda advinhar o
número de seu dado mágico. Logo após, envolve os pais pedindo que a molecada
traga correndo, por exemplo, um batom, clips, pente masculino, fotografia da
avó, caneta tinteiro, lógico que quanto maior a dificuldade, maior é o número
de chicletes entregues.
Capítulo
à parte é sua rifa semanal: vende seus números por toda à cidade e sempre a
encerra no domingo de manhã lá no Barzão sorteando os quatro prêmios (três
pernis e um copo d’água). O problema é que as pessoas anotam os seus nomes com
letras piores que de médicos prescrevendo receitas, no entanto temos o
Neguinho, especialista em grafologia, que geralmente consegue desvendar os
hieróglifos, mesmo sob os nossos protestos.
Gente
simples e boa, Joaquim não perde oportunidade de servir todas as pessoas que
puder. No meu sexagésimo aniversário, convidei-o a participar da festa junto
com os demais amigos e não é que, de repente, vejo-o com seus chicletes e toda
a criançada em volta tentando responder as sua perguntas como se estivesse
trabalhando. Grande camarada.
Sérgio Lordello
Comentários
"Que ele descanse em paz!"
Obrigado por sua história.
Grande abraço.