Limeira, 10 de maio de 1959
À mamãe
Há uma mulher
que tem algo de Deus pela imensidade de seu amor, e muito de anjo pela
incansável solicitude de seus cuidados, uma mulher que sendo jovem, possui a reflexão
de um ancião, e, na velhice trabalha com o vigor da juventude, uma mulher que,
quando ignorante, descobre os segredos da vida com mais acerto que os sábios, e,
quando instruída, se afaz à simplicidade das crianças, uma mulher que, sendo pobre
se satisfaz com a felicidade daqueles que ama, e, sendo rica, daria com prazer
suas riquezas para não ter no coração a ferida da ingratidão, uma mulher que,
sendo forte, estremece ante o gemido de uma criança e, sendo débil, adquire as
vezes a bravura do leão, uma mulher que, enquanto vive, não sabemos estimar,
porque ao seu lado todos se esquecem, mas que depois de morta, daríamos tudo o
que somos e tudo o que temos para poder vê-la de novo, para receber dela um só
abraço, para escutar de seus lábios uma só palavra.
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Não exijais de
mim o nome desta mulher se quiserdes que humedeça com lágrimas o vosso olhar,
pois eu a vi passar no meu caminho.
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Quando vossos
filhos crescerem cede-lhes esta página e, eles, cobrindo de beijos vossa fronte,
dir-vos-ão que um humilde viajor, como paga magnifica hospedagem recebida,
deixou aqui, para vós e para eles, um retrato de mãe.
De seus filhos
Celso
e Sérgio
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Escrito pelo nosso pai numa homenagem ao Dia das Mães no ano de 1959
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