Buracos no casco do navio
Em todos os cursos sobre Qualidade que fiz, era comum os
mestres recorrerem a um exemplo para a ilustrar a necessidade dos participantes
de uma empresa, sejam sócios, diretores, administração, chão de fábrica, de que
todos estavam no mesmo barco e se um furo aparecesse na popa dele, de nada
adiantaria o pessoal da proa torcer para que a turma lá de trás, somente eles,
trabalhassem para retirar a água, pois em caso de fracasso todos sofreriam as
consequências, daí a importância da colaboração de todos para conduzir a nau a
um porto seguro. Mesmo havendo diferentes opiniões, contestações na hora de se
definir a forma de conduzir o problema, depois de tomada a decisão final, todos
deveriam vestir a camisa e levar em frente até a hora de se aferir novamente o
rumo.
Há menos de 90 dias, o país, de uma forma democrática, se
definiu por levá-lo por um caminho diferente do que estava até então. A época
pré-eleitoral foi desgastante para todos, cada um de nós mostrou e demonstrou,
até de forma irritante, todas as nossas crenças, todas as nossas convicções, de
uma maneira livre, aberta. No calor das discussões, alguns se exacerbaram,
passaram dos limites, muitas inimizades aconteceram pois se achavam
absolutamente convictos e intransigentes de suas teorias, isso em todas as
vertentes.
Então, terminada a verdadeira batalha eleitoral, onde, de
todos os lados, procurou-se somente desconstruir os adversários. Definido os
resultados, esperava-se que as partes voltassem aos tempos de lucidez e bom
senso anteriores ao processo eleitoral, permitindo que o nosso país voltasse a
ter um caminho. Mas não, continuam ainda ataques absurdos entre as partes, seja
entre a população nas redes sociais, seja nas grandes empresas de comunicação,
seja entre formadores de opinião, todos esquecendo que os grandes problemas
brasileiros estão aí e precisam ser solucionados.
Todo mundo sabe e tem plena consciência de que a previdência
tem que ser resolvida; que não se pode mais manter os privilégios dos políticos
e funcionalismo público; que a taxa de desemprego tem que ser diminuída; que
não podemos mais continuar pagando tantos impostos; que a educação necessita
ser melhorada e que dê oportunidades para todos; que a saúde é um mero arremedo
de atendimento, até nos planos de saúde; que existe uma discrepância alucinada
entre juros bancários e a taxa de inflação; que os ricos e os políticos também
possam ser presos rapidamente e por aí afora.
O que ajudará na solução desses problemas nós continuarmos a nos
digladiarmos por bobagens? E não se “inclua fora dessa não” pois bem que vi no
seu facebook e no seu whatsapp você repassando estas postagens sobre o “vestido
da vice-primeira-dama”; ou a presença da Gleise na posse do Maduro; ou ainda
“os meninos vestem azul e as meninas rosa”. No que isso vai colaborar? Falando
sério, né!!!
Sérgio Lordello
Professor
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