Cadê o meu dinheiro que estava aqui????
Aonde vai o nosso salário? No meu caso nem sei se posso chamar
de “meu” salário pois uma parte dele a Receita Federal toma emprestada, sem
devolução 27,5%, então a previdência estadual (SPPREV) também abocanha mais uma
parte de 11%, mesmo eu sendo aposentado e já contribuído por mais de 35 anos. Do
que sobrou a prefeitura leva mais 1,5% em IPTU, e, novamente o Estado, por eu
ter o “luxo” de possuir um automóvel, assume mais 1% de IPVA. Daí vou à farra
com o meu provento e percebo que na conta do supermercado, novamente o Estado
leva mais 2,7% do meu dinheiro e os remédios mais 2%. Então percebo que das
minhas “santas” cervejas da happy hour no Barzão ou no bar do Toco, 3% (do meu
salário) é dele.
Quer dizer que aquilo que eu pensei que era meu, os impostos e
taxas abocanham mais de 54%. Mas isso tem uma finalidade nobre: o governo vai
investir num sistema de saúde exemplar, construirá escolas de alto nível,
fornecerá segurança para toda a população, as estradas serão impecáveis, o
transporte urbano magnífico, o saneamento perfeito, as creches bem cuidadas.
Como assim? Então porque tive que pagar escolas para os meus
filhos (3%), planos de saúde para todos (2,5%), pedágios quando viajo, bandeira
vermelha para a energia, monitoramento de segurança, seja ele eletrônico ou o
fiscal do quarteirão. Estou desconfiado que arranjei um sócio que me rouba
descaradamente na minha frente e não me dá satisfação nenhuma. Acredito
fielmente que tenho um salário bumerangue, o estado me paga, me deixa
momentaneamente feliz e depois me toma a maior parte de volta.
Quisera que toda esta fortuna que é arrecadada pelo Estado
proporcionasse moradias dignas para toda a população; que as pessoas não
ficassem morrendo nas filas do SUS; que os deslocamentos delas fossem por meio
de transportes seguros, adequados, confortáveis, rápidos; que a educação fosse
apropriada que proporcionasse conhecimentos adequados para que consigam um
trabalho honrado; que o sistema de justiça seja realmente cego e universal; que
os cidadãos tenham uma vida digna e que a esperança no seu país renasça.
Eu não quero mais ver parte do meu dinheiro pagando campanhas
políticas, não quero ele seja usado para fornecer planos de saúde para
políticos e dependentes, nem custeando aposentadorias altíssimas, salários
milionários, viagens de passeio para eles, que seja extinto qualquer privilégio.
Eu quero que a dignidade, a honra, a ética, o respeito pelo povo, volte a fazer
parte deste meu país. Quero saber onde está o nosso dinheiro que estava aqui e
aonde ele foi parar.
Sérgio Lordello
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