Crime Organizado S/A





Enquanto assistimos as novelas da reforma da previdência, trabalhista, as desmesuras da economia, um novo tipo de “indústria” cresce sem parar, obedecendo leis próprias e garante a prosperidade dos seus negócios no país: o crime organizado. É uma “empresa” estruturada, fortemente hierarquizada, departamentalizada, cujos interesses vão desde o tráfico de drogas dos diversos tipos, venda de armas, roubo à bancos, cargas, ou seja, tudo o que as leis consideram infrações. A maior delas (PCC) nasceu no início dos anos 90, dentro de um presídio de Taubaté, onde seus integrantes aprenderam noções de organização, táticas de guerrilhas, com presos politizados da época. Iniciou com o tráfico dentro dos presídios, atingindo a maioria deles.

       Passou a comercializar nas cidades do entorno, partiu para os grandes centros e formou uma rede grande de pontos de venda. Para incrementar mais os seus negócios, fez uma aliança com outra “empresa” do Rio de Janeiro (CV), que detinha o maior mercado de drogas do país nos morros cariocas, menos organizada, passando a fornecer “materiais” para ela apenas como atacadista. Ao mesmo tempo passou a prover armamento e know-how de organização a pequenas “firmas” de estados vizinhos e expandiu seus negócios até eles.

       Preocupada com o aumento da demanda, decidiu garantir o fornecimento de “insumos”, atravessando as fronteiras do Paraguai, Bolívia e chegando à Colômbia. A concorrência (CV) não gostou de estar nas mãos de um único fornecedor, rompeu a aliança e se aproximou de outro “provedor” lá da região norte (FDN) que detêm a Rota Solimões que traz a “matéria prima” do Peru, provocando batalhas desmedidas dentro dos presídios com muitas mortes para a manutenção de seus mercados.

       Detendo a maioria dos “insumos”, seu planejamento estratégico vislumbrou o forte mercado internacional herdado da retração dos colombianos e passou a investir aí. Aliás investimento nesse e em todas etapas anteriores é reforçado por outras fontes de renda como: assaltos a bancos, carros forte, venda de armas, permitindo essa grande expansão mesmo dentro da imensa crise dentro do país.

       Com sua rede imensa de pontos de venda por inúmeros bairros de praticamente todas as cidades ondo atua, a “empresa” consegue manter uma unidade de comando através de uma lógica empresarial ortodoxa: lucro a qualquer custo, não importando os meios: um comando que premia a fidelidade e a subordinação. Não tem problemas de inadimplência, pois o cliente fica devendo apenas uma única vez.

       E nós, aqui de fora, continuamos à assistir Big Brother, interessados no namoro do Neymar com a Marquezine, torcendo para a Beija-Flor, enquanto os bandidos de “paletó” (políticos) e os bandidos “sem rosto” partilham entre si as riquezas do país.


Sérgio Lordello

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