Apresentação do "Jogando mais conversa fora"



       Este meu segundo livro, Jogando mais conversa fora, é uma continuação do primeiro e dividido em três partes: a primeira contém artigos publicados no Jornal de Limeira; a segunda são os já publicados no jornal Tribuna de Limeira e a terceira seria para crônicas de cunho pessoal que deveriam ser inéditas mas que também foram, em sua maioria, publicadas na Tribuna de Limeira também. Isto mostra que tais jornais sempre mantiveram uma linha editorial de independência, liberdade e respeito com os seus colunistas.

       As histórias relatadas nas crônicas são simplesmente um resumo de um sem número de conversas com os amigos, colegas, familiares nos diversos ambientes em que nos encontramos pelos caminhos e situações da vida. Seis espaços alimentaram muitos dos assuntos que relato aqui: o Cotil-Unicamp, onde lecionei por 34 anos e formei uma cadeia muito grande da amizades importantes; o Barzão (Bar São João) e o Bar do Toco, palcos de histórias inacreditáveis, gozações fantásticas e relatos delirantes; a comunidade rural da Cascata em Araras formada por ribeirinhos e rancheiros, lá foi possível encontrar-me com a natureza, fazer amizade com pássaros, pequenos animais, a flora e, principalmente ter um encontro com pessoas simples mas de corações enormes, na sabedoria e nas curiosidades. Também colaborou de forma imprescindível, o picadeiro do circo chamado Brasil, onde os políticos forneceram um sem número de trapalhadas, safadezas, aflorando a indignação na maioria do povo brasileiro. Finalmente a família, fonte de inspiração em temas de ternura, de paixão, alegria e de convivência.

       Também aprendi neste tempo a dar maior importância ao gênero crônica, pois sempre a tinha como parte da literatura menor e só após assistir uma palestra com um dos meus ícones Ignácio Loyola Brandão quando o mesmo a definiu como o berço do cotidiano em que os historiadores irão buscar o dia a dia, os costumes, os vocábulos usuais, as expressões, os hábitos, tradições de uma época. O interessante é que muitas vezes apenas uma imagem, uma frase, um gesto, um instante, proporciona temas, histórias, que podem sensibilizar o nosso leitor, remetendo-o a uma cena vivida anteriormente, uma lembrança esquecida na vida ou tomar como suas as palavras sobre a indignação diante deste nosso país tão sofrido.
       Escrever para as pessoas faz bem para a nossa alma.


Sérgio Lordello

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