Uma escola de respeito
Sei que sou suspeito para falar do Cotil, mas se o Gilmar
Mendes, que foi padrinho da filha do “rei do ônibus do Rio”, se acha isento
para assinar o habeas corpus de soltura do mal falado cidadão então posso ficar
à vontade e dizer um pouco daquela unidade de ensino onde passei 34 anos como
professor e 3 como aluno.
É que neste ano o Cotil fez 50 anos de sua implantação e como
ex-alunos, nos reunimos numa festa de confraternização para comemorarmos a
data, com a presença de diversos professores e funcionários daquela época. A
história desta escola é rica em episódios que mostram a sua grandeza, basta
lembrar que ela estava no projeto inicial de implantação da Unicamp como
vertente da parte prática da universidade, junto com o Colégio Técnico de
Campinas. Com o aval do professor Manoel da Silva foram recrutados os melhores professores
do ensino médio da cidade e região, os melhores técnicos das pujantes
indústrias locais para formarem o corpo docente do curso de Mecânica.
Como foi lembrado na comemoração, teve professor que só
percebeu que não era um curso de nível superior apenas no segundo ano. O
material de ensino era de São Carlos (USP), Esalq (Piracicaba). Muitos alunos
da primeira turma vieram do Castelo Branco (top na cidade) que abandonaram o
científico em busca de uma oportunidade nessa novidade que era o ensino
técnico. A GM vinha fazer exame de seleção de seus estagiários aqui no Cotil. A
IBM, a GE e muitas outras só aceitavam estagiários da escola.
Sempre atento as necessidades do mercado, com o tempo,
diversificou os seus cursos com Edificações (hoje Construção Civil), Estradas
(hoje Geodésia), Enfermagem, Informática. Não contente e percebendo uma demanda
de profissionais já trabalhando, mas ainda sem formação adequada, passou a
oferecer curso noturnos de curta duração. Nos anos noventa, novamente saiu na
frente, com o apoio da Varga e da Rockwell-Fumagalli, criou o primeiro curso
técnico de Qualidade e Produtividade da América Latina.
Hoje seu corpo docente, formado por cerca de cem professores,
talvez seja o que tem maior número de mestres, doutores e especialistas da
cidade, no nível médio. Também cerca de 50% de seus alunos são oriundos de
cidades da região como Campinas, Vinhedo, Cosmópolis, Araras, Conchal,
Iracemápolis, Indaiatuba e etc, tanto é que seu vestibular tem anualmente em
torno de 4000 candidatos É a segunda escola da cidade na classificação do Enem
e a primeira pública, também é comum vermos os alunos terem seus nomes nas
listas de classificados nos vestibulares de Faculdades de renome no país.
Cinquenta anos não é sempre que se comemora, principalmente
com uma história desta.
Sérgio Lordello
Ex-aluno do Cotil-Unicamp
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