Nem todas as farinhas são do mesmo saco
Não, não sou mentiroso não. Sei que é difícil acreditar, mas
as histórias que vou descrever são a pura verdade, aconteceram comigo mesmo
como personagem ou testemunha. Está bem, falar de político bem-intencionado e
empreiteiras grandes honestas nos tempos de hoje é coisa de maluco ou de
assessor puxa-saco, mas juro que são fatos realmente acontecidos.
No início dos anos noventa o, então prefeito, Paulo D’Andrea
junto com o Dr. Pedro Siqueira lançaram um plano audacioso para tratar todo o
esgoto produzido em Limeira. Obra muito grande, valores de respeito, orçamento
municipal pequeno, mas as grandes construtoras do país já cresceram os olhos
para nossa cidade com todos os seus esquemas. Então o Dr. Pedro, esperto, foi
testando as pequenas empreiteiras da nossa “terrinha” com obras bem menores no
SAAE como reformas, galerias, para conhecê-las e avaliar a capacidade técnica e
gerencial para possível aproveitamento.
Para a construção da estação de tratamento de esgotos,
dividiu-a em partes (mesmo assim enormes) fez um edital aberto a todos os
concorrentes, tudo como mandava o figurino da legalidade. Com isso várias
pequenas empresas de Limeira puderam participar ao lado das poderosas (várias
hoje envolvidas na Lava Jato). Pelo seu menor custo, sem a estrutura delas e
com o monitoramento do financeiro do SAAE liberando o cronograma das obras de
acordo com o fluxo de caixa da autarquia, pelo menos duas construtoras de Limeira
tiveram a ousadia de desafiar as grandonas, numa verdadeira batalha entre Davi
e Golias. Limeira saiu ganhando.
Já a partir de 1997 o,
então prefeito, Pedro Kuhll não autorizou a concessionária Águas de Limeira,
formada pelos grupos Odebrecht e Lyonnayse Des Eaux, a reajustarem a tarifa de
água por não concordar com algumas cláusulas do
contrato de concessão original que não previa que tais empresas assumissem uma
dívida de 25 milhões do SAAE, bem como não destinavam uma porcentagem sobre a
arrecadação da tarifa de água para que a autarquia, que tinha ainda a
responsabilidade sobre a construção e manutenção das galerias de águas pluviais.
Vendo que o prefeito estava irredutível na sua pretensão, depois de diversas tentativas do mesmo em se reunir com o sr. Emílio Odebrecht em sua empresa (este mesmo, o próprio, pai do Marcelo, que hoje é hospede do juiz Sérgio Moro em Curitiba) e sim (e somente aqui) no paço municipal, então a Águas de Limeira cedeu e resolveu aceitar as condições impostas. Limeira saiu ganhando.
Há de haver ainda políticos que lá estão para servir
verdadeiramente o povo e devem ter percebido que precisam alterar a legislação
para poderem exercer com dignidade os seus mandatos. Legislação esta que os
colocam, junto com os demais, no mesmo saco.
Sérgio Lordello
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