De lanterna na mão



        O momento é propicio para relembrar a história dos filósofos gregos, especialmente de Diógenes “O Cínico”, que viveu por volta de dois mil anos atrás e que, entre outras loucuras, andava por toda Atenas, em plena luz do dia, com uma lanterna acesa na mão, procurando, o tempo todo, por um homem honesto naquela cidade. Ele que viveu num país recheado por grandes filósofos como Sócrates, Aristóteles, Platão, Tales, além é claro dos deuses gregos como Zeus, Platão, Afrodite, Apolo, Atena, imagino, deveria estar completamente desarvorado com os políticos de lá.

        Fico imaginando o tamanho da lanterna que devemos carregar para achar algum político honesto neste Brasil. Somente com um holofote como o do Batman que o comandante Gordon usa para projetar sua imagem no céu de Gotham City para pedir sua ajuda.

        Aqui em Limeira, estou me sentindo o próprio Diógenes na busca de um nome para vereador em quem depositarei o meu voto. Figurativamente, de posse da minha lanterna, passei os últimos tempos vasculhando lugares, auscultando pessoas, pesquisando históricos, tentando consolidar um nome que, de forma diferente do filósofo, apresentasse também outros predicados que não só honestidade, mas iniciativa, independência, ética, presença, fidelidade, não abandonar suas bases, honrar o seu salário. Não está sendo fácil não.
         Lógico que, entre os quase seiscentos candidatos, muitos têm atributos interessantes, mas poucos são aqueles que os tem e são acessíveis para que os cobremos mais tarde quando as tentativas de sedução do executivo aparecerem, quando a “fidelidade partidária” exigir um voto em desacordo, quando o canto da sereia se fizer ouvir nos gabinetes e entranhas do poder.

        Preparei uma lista de não conformidades possíveis, como numa auditoria de qualidade (tipo ISO 9000), e caso estejam associadas ao candidato, dependendo da gravidade das mesmas, os nomes serão rejeitados ou analisados. Por exemplo: se o candidato tiver um veiculo fantasiado, a não conformidade será severa, sem segunda chance; se a pessoa está tentando a reeleição e tem um histórico de subserviência com grupos religiosos ou com o poder executivo, também não terá direito a repescagem.

        Nem todos os itens da lista são impeditivos, podem ser negociados. Um amigo meu, com um currículo de fazer inveja, predicados mil, tem uma não conformidade considerada menor: é palmeirense roxo. Basta uma promessa de que não vai fazer pilhéria em cima de mim (são-paulino) se seu time for campeão e nem se o meu for rebaixado. Tem grandes chances de receber o meu voto.


Sérgio Lordello

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