O político e a operadora de celular



         Li o artigo do Celso Leite nesta semana e concordo com ele que apenas o fato de morar em Limeira não credencia um candidato a receber o nosso voto. Antes disso ele deve apresentar uma extensa folha de serviços prestados à comunidade, ter-se preparado para exercer o cargo, ter um histórico de fidelidade a posições assumidas no decorrer de sua vida política e ter um comportamento de honestidade.
         Mas acontece que escolher um candidato para receber o nosso voto é como definir uma operadora para o seu celular: mais cedo ou mais tarde a gente vai se arrepender. Não tem jeito, de uma forma ou de outra a operadora vai nos deixar na mão ou causar-nos alguma indignação ou prejuízo. Com os parlamentares será a mesma coisa, um dia vai votar a favor de mais um benefício para ele, em outro vai aprovar mais um imposto, num terceiro vai contra uma causa que sempre defendeu. É assim mesmo.
         Já tivemos muitas decepções com nossas escolhas. Um dia acreditei em alguns políticos de um partido que se intitulava o defensor da moral, da honestidade, da ética, até atingir o poder, a partir disto transformou-se completamente, fez todo tipo de acordo com qualquer corrente ideológica, armou um enorme esquema de uso do dinheiro público. Não respeitou patrimônios nacionais, dilapidou-os em busca de recursos para sua manutenção no poder. Quem não se lembra da foto do Lula abraçando Paulo Maluf no jardim de sua residência. Surreal, emblemática. Mas não pensemos que com outros partidos foi diferente, pois não foi mesmo, apesar das dimensões serem muito diferentes.
         Parece que este tipo de comportamento é genético na classe política, está no DNA de seus integrantes, talvez seja preciso um processo de transgenia no Congresso e nas Assembleias para que as coisas caminhem no rumo certo. Particularmente (e solitariamente) defendo uma auto campanha com o seguinte slogan: “Quem foi ou é, não deve ser novamente” - com isto pretendo depositar meu voto em postulantes que nunca exerceram cargos lá, mas que tenham os predicados listados pelo Celso Leite.
         Vejo alguns candidatos de Limeira (poucos) que preenchem tais atributos e que podem ter uma vantagem em relação aos demais de fora, sabemos os seus endereços, os lugares que frequentam, onde tomam café, as entidades que ajudam, as igrejas em que vão. Será mais fácil cobrá-los.


Sérgio Lordello

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