Meu feliz aniversário
De
repente ouvi o grito do Ferrugem, amigo do Joca, morador na beira do rio, lá na
Cascata, pedindo que eu parasse o carro,
quando passava na frente de seu rancho. Esbaforido, foi me agradecendo, feliz,
dizendo muito obrigado e eu sem entender nada. Foi quando ele me explicou que
eu citara o seu nome num dos meus artigos publicados aqui no Jornal de Limeira
e sua irmã, moradora na cidade, leu, recortou o texto, emoldurou-o e levou-o
para que ele o pendurasse na parede. (Foi assassinado meses depois).
Lembrei-me
disto porque nesta semana faz cinco anos que recebi o
convite da Paula Martins para escrever nesta coluna do Jornal de Limeira, então
quinzenalmente procuro estar presente com alguma crônica sobre o cotidiano da
cidade, alguma crítica aos políticos em geral, as aventuras de amigos e
conhecidos. No começo bateu uma grande insegurança sobre quem leria os artigos,
se tocaria alguns leitores, já que jamais havia publicado nada. Conversando um
dia com a Andrea Bombonati, ela relembrou-me de uma frase famosa: “escrever é
um ato solitário”.
Pode
ser Andrea, mas os ecos que recebemos dos leitores, muitas vezes anônimos, que
se reconhecem nas situações expostas, são extremamente reconfortantes para quem
escreve. Como o senhor Laércio, primeiro diretor da Escola Lázaro Duarte do
Páteo, que pressionou a redação atrás de meu telefone para discorrer,
emocionado, a história da inauguração da mesma, após um artigo sobre as
festividades do centenário de nascimento de seu patrono. Já a tia do Balanga
(frequentador assíduo do Bar do Toco) arranjou sarna para se coçar, pois toda
quinta-feira tem que procurar se o nome dele foi citado na coluna para ser a
primeira a informa-lo.
Que
surpresa me proporcionou a Christina, irmã do Giocondo, que delicadeza,
enviando-me um e-mail exaltando a companhia dos textos publicados no Jornal de
Limeira que reuni num livro e lhe fez companhia numa noite no hospital, junto
ao leito de morte de sua mãe. E o Gu do Banespa, galista dos bons, sempre que
me encontra fala da crônica em que prometi abrir uma poupança, com meu irmão,
para irmos à Tóquio em 2016.
A
Maria Célia certa vez disse na sala dos professores do Cotil que o bom dos meus
textos é que se reconhecem os seus personagens. Talvez seja por isso que o
pessoal lá da escola, ou do Barzão, ou ainda do Café Sempre Vale, todas as
quintas, vasculham o Jornal para saber se não são os protagonistas das
histórias contadas. Já quem exagerou no elogio, coisa só de primo mesmo, foi o
Paulo Lordello, ararense de coração e paulistano por opção, enviou comentário
no Facebook sobre o último artigo, relacionando-o a morte do mestre imortal:
“nosso Ariano Suassuna da família”.
Fico
pensando que uma oportunidade dada, sem pretensões, levou-me a um mundo jamais
imaginado. Agradeço à Paula e ao Jornal de Limeira por me proporcionarem
tamanha satisfação tentando me comunicar com os leitores.
Obrigado
também a eles pelo carinho.
Sérgio Lordello
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