Aprendendo com a vida

(bokelberg.com)

         Uma das minhas disciplinas no Cotil é sobre Responsabilidade Social Empresarial, ou seja, o estudo da norma ISO 26.000 que as empresas hoje estão buscando alcançar como forma de retribuição aos funcionários, meio ambiente, clientes, fornecedores, cidade e sociedade em que ela está inserida. Mas como falar disto aos jovens de quinze, dezesseis anos, idade em que o mundo ainda é cor de rosa, o céu é azul, o tempo é infinito e o amor é lindo?
         Tentando mostrar-lhes que existe no mundo a cor cinza também, nuvens no céu, cronologia no tempo e espinhos nas rosas do amor, programei com eles que, em equipes, fizessem visitas programadas a entidades assistenciais, cada um com um tema que variava de crianças, idosos, deficientes, doentes, dependentes e etc. Cada grupo deveria, no seu retorno, contar a experiência vivida e com ajuda de fotos, filmes e, principalmente, de seus depoimentos.
         Um dos primeiros grupos trouxe o Renan, acompanhado dos pais, um menino dos seus 4, 5 anos, que andou pela sala, interagiu com os alunos e nada lembrava que quando criança tinha enormes dificuldades em enrijecer o corpo, não conseguia sentar-se, ficar em pé, pois não tinha equilíbrio. E, segundo sua mãe, após um ano e meio fazendo equoterapia, ali mesmo no parque da Cidade, o desenvolvimento dele foi fantástico, com melhorias a olhos vistos a cada aula, coisa que nem ela acreditava no início.
         Outro grupo foi conhecer os Mensageiros da Noite, ligado à paroquia de Santa Luzia, com um trabalho de alimentação e assistência aos moradores de rua da cidade. Toda segunda e sexta-feira eles saem com uma boa quantidade de sopa, material de higiene, roupas e percorrem as ruas a procura dos mesmos, para entregar-lhes. Entusiasmados, os meninos resolveram acompanhar os Mensageiros (protegidos por eles) e ficaram à noite toda no trecho, até ás 05h30min da manhã, quando foram para a aula. Experiência magnifica, enriquecedora!
         Outro foi conhecer a Fundação Romi em Santa Barbara do Oeste, com um trabalho espetacular de complementação de estudo, com uma metodologia própria, abrangendo jovens e crianças em condições de risco social. Dois outros seguiram o mesmo tema visitando a Alicc e a “Rosa e Amor” (Valinhos) cada qual tendo contato com a dura realidade do tratamento de câncer, as mudanças na vida dos pacientes e o fundamental papel acolhedor exercido por tais entidades. Mais um esteve conhecendo o triste destino dos idosos esquecidos, às vezes, pelos familiares nos asilos da cidade, mas se sentiram gratificados ouvindo as histórias deles e apelos para que não fossem embora.
         Fico preocupado em fazê-los enfrentar, tão jovens ainda, a vida real de uma cidade, mas, por outro lado, tenho certeza que jamais espancarão colegas no corredor da escola e muito menos seus pais não agredirão professores.


Sérgio Lordello

Comentários

Unknown disse…
Nos meus 14, 15 anos visitava toda sexta-feira o asilo João Kuhl Filho. Alguns dias passavamos horas ouvindo relatos engracados do passado, até mesmo a msm historia apos 30 minutos de conversação. Rs Mas a grande maioria das vezes eram historias de familiares que compraram a passagem de ida deles e nunca mais votaram nem para um bom dia ou, talvez, um adeus...

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