Leite derramado
(vilamamifera.com)
Dias destes,
estava a conversar com o Marcelo Rigon quando ele disse que uma das coisas que
ele mais sente é a falta de lideranças, tanto no mundo corporativo, como no
político. Daquelas que conduzem as suas respectivas equipes, grupos, população
para caminhos novos de crescimento, de esperança, de vitórias. Fiquei pensando
sobre suas palavras e tenho que concordar com o mesmo que nós estamos muito
carentes de pessoas que representem a esperança de mudanças, principalmente na
vida pública.
Diante de um
quadro de total descrença na classe política, onde diariamente estoura um
escândalo novo e sempre de proporções cada vez maiores e os seus autores, pegos
em flagrante, com a arma na mão, resquícios de pólvora, a sós na cena do crime,
a vítima balbuciando os seus nomes nos últimos suspiros, negam peremptoriamente
a culpa, as pessoas de bem se recusam então a sequer participarem desse
processo. Com isso o espaço político passa a não escolher os seus representantes
por ideais, méritos públicos, altruísmo e coisas assim. Quantas pessoas nós
conhecemos que têm valores, conhecimento, capacidade, perfil de líder, mas que
jamais assumiriam um compromisso destes.
É o que está
acontecendo em Limeira nos últimos tempos onde a ausência de líderes
democratiza o acesso a cargos eletivos, mas com prejuízos na consistência e
qualidade dos mandatos. A promiscuidade de ideias nos partidos implicam na
renuncia de suas ideologias em troca de práticas corporativistas, através de
coligações, acordos, barganhas, trocas, permutas. Os partidos acabam abafando a
sua identidade para cumprir tais pactos e seus membros acabam perdendo as suas
individualidades e até os seus valores pessoais.
Dois exemplos
podem comprovar esta tese: na ultima eleição municipal nenhum dos quatro
candidatos ao cargo majoritário tinha esse perfil de liderança inquestionável e
a escolha foi muito mais pela contagem inversa dos defeitos do que pelo
somatório crescente dos atributos. Já na Câmara a situação foi mais escandalosa
com eleitos (maioria) aderindo ao poder sem a menor cerimônia, não respeitando
o seu eleitorado que, com certeza, votou nele por algumas afinidades, mas
desprezadas após a campanha vitoriosa.
E com este
quadro, senão houver algum tipo de consenso, vamos partir para uma nova eleição
onde serão escolhidos os nossos representantes no Congresso Nacional e na
Assembleia Legislativa e mais uma vez, dificilmente teremos candidatos daqui
eleitos. Serviremos como apenas de escada para deputados de Americana, Rio
Claro, Piracicaba, Araras ou ainda ajudaremos Tiriricas da vida e entidades
religiosas sem compromisso com a cidade.
Sérgio Lordello
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