Acho estranha essa prática


         Confesso que não tinha experiência em dar entrevistas a jornalistas quando o Pedrinho Kühl convidou-me para ajuda-lo em seu governo. Na verdade nem perguntou se era filiado a algum partido, se tinha trabalhado em outro governo, nem recomendou cautela com a imprensa, nada disso. E já na primeira semana tive que acalmar a revolta dos moradores do Parque Egisto Ragazzo que tinham fechado as ruas com tubos de concreto, nem havia ainda esquentado a cadeira e já “enfrentava” toda a imprensa sem qualquer monitoramento do gabinete.
         Apoiado pelo prefeito, participei, acho eu, de todos os programas de rádio e TV em que era convidado. Grassi, Bastelli, Davoli, Naldo, Carlos Alberto, recebia também (ou por telefone) sempre a imprensa escrita, como os sempre inquisitivos Carlos Chinelato (nosso redator hoje), Rodrigo Piscitelli, Renata Caram, Adalberto Mansur. Sempre num jogo aberto, sem meias respostas, comprovando os fatos, tanto é que todos são amigos meus até hoje. E da parte do governo, nunca houve sequer um senão a este relacionamento com a imprensa, pelo contrário éramos (os secretários) até incentivados.
         Estranha-me agora, e não é exclusividade apenas deste governo, as respostas aos questionamentos da mídia sofrerem monitoramento de outra secretaria. Com os secretários não atendendo a imprensa, adiando explicações, perde-se a grande oportunidade de uma aproximação com a população, curiosa por saber o que irá acontecer no seu bairro, na sua rua, com seu transporte, com a creche e a escola de seu filho, as unidades de saúde, as ações da segurança.
         Quando foi instalado o semáforo de quatro fases no cruzamento da Av. Fabricio Vampré com Av. Conego Manoel Alves, local com alto índice de acidentes, uma solução complexa tirada da cartola dos engenheiros Caruso e Roberto, o papel da mídia foi fundamental para alertar, esclarecer e orientar a população que tirou de letra as novas regras, não deixando que acontecesse nenhuma colisão nos primeiros noventa dias de monitoramento que fizemos.
         Num momento em que a população esta inquieta procurando transparência de seus governantes, numa época em que ela dispõe de ferramentas poderosas, como as mídias sociais, para exercer essa cobrança, acredito ser desnecessária e inconveniente uma política de confrontos com os meios de comunicação e nem de monitoramento das manifestações dessa mesma população.
        

Sérgio Lordello


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