As renas do Papai Noel

(diversidadebarueri.com.br)

        Já se dizia, tempos atrás, que quem dos homens da cidade não tivesse conhecido a casinha perto da esquina da Rua C. Saraiva, não era limeirense. Na verdade os rapazes alegres daquela época não passavam de meia dúzia, seus endereços eram fixos, famílias conhecidas e, de uma forma ou de outra, tinham seu espaço na sociedade. Lógico que havia também alguns que todo mundo desconfiava que estivessem dentro do armário, mas como as evidências eram raras, talvez pela moral “opressora”, ninguém afirmava nada.
         O tempo foi passando, as coisas mudando e, hoje, os conceitos preconizam certa liberdade de opiniões, comportamentos em que não se sabe mais quais são as opções exercidas pelas pessoas que encontramos no dia a dia. Seja no supermercado, na farmácia, no boteco, numa repartição pública, em qualquer lugar. Lógico que existem aqueles (as) que desbundam de vez se introjetando num corpo, em trejeitos ou acessórios que diferem de sua aparência natural (?).
         Toda essa situação, nova para muita gente, assusta alguns, enquanto outros tiram de letra e adoram colocar colegas em situações constrangedoras. Como o Rene, frequentador do Barzão, sólida formação militar, oficial aposentado, gozador da pior espécie, recebeu um companheiro das Forças Armadas, tipo machão, em viajem pelo país, no seu apartamento na praia. Os dois foram juntos comprar uma sunga numa loja e na saída, ao se aproximarem para pagar, a caixa questionou-os se estavam juntos, no que ele prontamente respondeu: “Faz dois anos e meio e estamos muito felizes”.
         Já o Marcos e o André, engenheiros de uma empresa, encarregados de comprar as coisas para um churrasco de confraternização, adentraram ao supermercado e foram apanhando os quitutes. Logo o primeiro, ao ver uma jovem bonita e interessante, passou a lhe fazer a corte, trocando olhares, uma conversa, conseguindo o número de seu celular e ficaram algum tempo conversando. Logo aparece o André, empurrando o carrinho, parou bem do lado do Marcos e disparou: - Bemmm está bom assim? Será que é suficiente para nós esta semana?
         Nesta quinta-feira, estávamos terminando a happy hour na pracinha do Barzão, quando o Júlio pediu ainda a sua saideira. Para nossa surpresa, em vez de o Dill vir nos servir, apareceu uma das freguesas, amiga da Ju (uma das proprietárias), bonita, charmosa, elegante para entregar a cerveja. Diante da nova e interessante alternativa, o João pediu também a sua, mas com uma condição, que a entrega fosse feita pela “nova garçonete”.  Como eu já tinha ido pagar a conta, não deu outra, peguei a cerveja no balcão, avisei o Durvalino, sentado na porta do bar, para não estranhar, atravessei a rua no maior estilo Felix da novela e perguntei:
 - Puxa João, não pode ser eu?
        

Sergio Lordello


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