Limeira era grande produtora de calçados
(www.inspiramais.com.br)
A
turma se reúne toda sexta no café do Sempre Vale. A grande maioria é de
aposentados, outros querendo chegar lá e poucos mais jovens. Na última reunião
o assunto era as mudanças na economia do município com o decorrer do tempo e é
lógico que desfilaram os nomes da Machina São Paulo, Fumagalli, Varga,
Zacharias, Lucato, D’Andrea, Rocco, até que alguém se lembrou de que Limeira já
teve uma forte indústria calçadista, de fazer frente às de Franca e Jaú.
Então
começamos a prospectar o passado em busca desta história já que todas elas hoje
já não existem mais. A lembrança mais remota ali na mesa remonta a esquina da
Rua Barão de Campinas com a Rua Carlos Gomes, onde nasceu a Calçados Buzolin, a
primeira delas e que mais tarde transferiu-se para o arrojado prédio, falando arquitetonicamente,
na avenida que hoje leva o nome de uma das pessoas da família. Essa deve ter
sido a precursora da mão de obra especializada do setor que deu suporte para o
aparecimento das demais.
Logo
depois surgiu a Ferreira Viana Feres Calçados, ali bem na frente do antigo Bar
do Moacir (Rua Cunha Bastos), onde havia o disputadíssimo cuscuz da Zifa. Dizem
que era motivo de muita inveja dos homens da sociedade que não eram convidados
para seu jantar anual. A empresa, no entanto, se dividiu com a saída de um dos
sócios que fundou outra firma, a Antônio Feres Calçados, lá na Boa Vista e que
mais tarde mudou de nome e de lugar: Calçados Atlântida na Rua Cunha Bastos.
Também contemporânea existia a Vely Calçados na esquina das ruas Cunha Bastos e
Presidente Roosevelt.
No
alto da Rua Senador Vergueiro havia a Camilo Ferrari Calçados que anos mais
tarde veio adquirir a Calçados Buzolin e transferiu-se para a sede da mesma.
Também uma empresa gigante da cidade veio diversificar sua produção, já que era
uma das líderes no país na fabricação de chapéus, passando a fabricar também o
produto. Era a Companhia Prada que partiu para a produção de calçados finos,
assim como a Ferrari. Além dessas consideradas grandes, havia as várias
menores, mas com um volume considerável, juntas: Sthal (sandálias) na Vila
Camargo; Piccinato (sapatões) no Largo de São Benedito e De Carli (sapatões e
chuteiras) na Rua Sete de Setembro, perto do Mercado Municipal.
O
pessoal na mesa do Café estima que tal indústria empregasse quase duas mil
pessoas e a mão de obra era formada pelas próprias empresas, mas os salários
melhores do setor metal-mecânico de Limeira, o não investimento em escolas
técnicas, como o SENAI fez em Franca e Jaú, e a concorrência internacional,
determinaram a extinção do ramo na cidade.
Hoje
fica apenas a saudade de um setor que já foi tão prospero na cidade e que
também se foi.
Sérgio Lordello
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