Férias nunca mais
(ebc.com.br)
Finalmente depois de um ano inteiro de
espera, hora de reunir a família e ir para a praia. A molecada já tinha
quebrado os três porquinhos de moedas e trocado o dinheiro para gastar lá.
Inicio da manhã, carro lotado de malas, sacolas, pacotes, cadeiras de praia e a
sogra querendo ainda colocar uma melancia e um guarda-chuva no
porta-malas. Depois de um grande esforço
conseguimos trancar as portas e partirmos.
Entre Sumaré e o Shopping D. Pedro, um
congestionamento de oito quilômetros e uma hora e meia para transpô-lo. No
trecho da serra em obras, passamos no horário em que poderia haver interdição
da pista para explosão das rochas e obviamente ficamos retidos por mais de uma
hora no local. Foi então que as mulheres passaram a exigir o uso de um
banheiro, mas não tinha jeito ali, o negócio delas foi permanecerem dentro do
veículo sem se movimentarem e muito menos rirem.
Seis horas de viagem, quatro paradas e
chegamos ao apartamento alugado meses antes. Lugar agradável, piscina, elevador,
tudo novo, bem montado, relativamente espaçoso, mas não deixa de ser
apartamento de praia. Vizinhos aos montes, no prédio ao lado um grupo de
universitários de posse de todos os instrumentos da bateria da Mangueira
juntos, na frente um comerciante mostrou-me o potencial da região com a sua
câmara frigorífica para mil e duzentas caixas de cerveja. Minha vaga no
estacionamento era entre duas camionetes enormes que exigiam de mim um grande
malabarismo e a ajuda incondicional da esposa para manobrar meu carro.
No outro dia, felizes, com toda a
tralha na mão, partimos para um dia de praia e muito sol. A montagem do
guarda-sol foi complicada, pois não havia espaço na areia para todos, mas com
jeitinho o colocamos entre os de duas famílias mineiras. Logo passamos a fazer
parte daquela comunidade e começamos a aprender receitas de tutu de feijão,
frango com quiabo, pão de queijo, leitão à pururuca, torresmo. Quando
percebemos que já havíamos incorporado as expressões “uai” e “trem bão” ao
nosso vocabulário resolvemos voltar ao apartamento para desfrutarmos da
piscina.
Lá chegando, demos de cara com um
pessoal de tamanho tipo Fat Family no inicio da carreira, todos com marmitex
comprados no restaurante ao lado, armados de colher, fazendo a refeição com os
pés na água.
À noite bem que tentamos chegar ao
centro da cidade mas o congestionamento não nos permitiu. Já de manhã a fila do
pão tinha pelo menos umas trinta pessoas e no açougue a carne ainda não havia
chegado.
Férias em janeiro, nunca mais!
Sérgio
Lordello
Comentários