Prazer e paixão
(amordealmas.com)
Noite quente, abafada, mas o importante
é registrar as sensações ainda recentes daquele sonho. Os ruídos comuns da madrugada
na beira de um rio como as notas embriagadas de um violão seresteiro, ou o
motor trôpego do barco de um pescador solitário, são os meus companheiros de
insônia.
Eu não sei dizer como tudo começou, mas
o importante era que estávamos os dois juntos, como naqueles tempos de ousadia
e paixão. O lugar era um maravilhoso jardim que só as pessoas apaixonadas podem
compor e ali ninguém se respeitou, foram instantes de loucura calculada em que
cada um buscava tirar uma peça do outro como se mais tarde elas se
transformassem num empecilho intransponível.
Os nossos corpos transpiravam sensualidade,
mas mesmo assim lembramos que a poesia e o amor sempre se revezaram na nossa
relação. Uma flor vermelha, como o sangue da primeira vez, instalou-se
comodamente entre os seus cabelos e meus labios molhados colaram-se aos seus. A
partir daí caíram por terra as ultimas barreiras de uma pretensa falsa timidez.
Os nossos instintos nos dominaram
completamente. Nossas mãos percorreram os nossos caminhos mais ocultos, os
lábios tocaram as partes mais escondidas, enfim a imaginação fez uma simbiose
completa entre o prazer e a paixão. Mas nada se comparou a sensação infinita da
minha presença em seu corpo, parecia que havíamos nos transformados num só ser,
ligados apenas por dois pontos quando você, como que com inveja, tentava invadir
os segredos da minha boca. E então explodimos na sensação maior, no infinito
houve o encontro das nuvens com o céu, as estrelas e o sol se revezavam no
firmamento e você pedia para que aquilo nunca terminasse.
Agora, quando as primeiras luzes do dia
começam a despontar, os pássaros do lugar anunciam o amanhecer, aqui fico eu a
procura de palavras que possam explicar os efeitos desta distância e do tempo
entre nós dois por uma briga tola, sem motivos sérios. No teclado digito
palavras desconexas tentando exprimir as sensações experimentadas, mas já não
consigo.
Na verdade eu já não sei dizer como
aquilo terminou, mas o importante era que estávamos os dois juntos, como
naqueles tempos de ousadia e paixão.
Sérgio
Lordello
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