Envelheci e agora?
Acho que deveria haver um curso obrigatório ou terapia em
grupo para nos prepararmos para adentrar à terceira idade sem traumas. De
repente estamos comemorando sessenta anos e passamos a ser classificados como
idosos. Só começamos a perceber quando vamos ao cinema e perguntam se queremos
meia-entrada. Acho um verdadeiro “bullying”, assédio moral, preconceito, sabe
Deus mais o quê.
Mas aos poucos aprendemos que não é tão ruim assim. Existem
também algumas vantagens. A primeira delas aconteceu quando fui ao dentista, na
região central e bem defronte ao seu consultório há duas vagas para idosos, o
que me permite chegar em cima da hora, sem problema de me atrasar procurando
lugar para estacionar. A segunda, foi em junho passado quando, apesar de ser um
dos últimos a entregar, recebi a minha restituição do imposto de renda no
primeiro lote.
Outro fator positivo é que a gente passa a ser “seletivo”,
ou seja, faz, escuta e responde apenas o que interessa. Quando sua mulher lhe
discorre sobre aqueles problemas com um vizinho, os filhos, ou uma amiga
distante, a gente simplesmente balança a cabeça concordando, mas nem sabendo do
que se trata. Até no vestuário passamos a usar aquilo que achamos ser mais
confortável e não o que dita a moda.
Lembra-se da nossa criação sempre pautada em demonstrarmos a
nossa macheza? Quando num relacionamento a quantidade era sempre mais
importante que a qualidade? Falhar na hora agá (acontece, vez ou outra, com
todos) estava fora de cogitação, jamais admitiríamos algo assim. Até tínhamos
uma frase pronta para justificarmos: “Isto nunca aconteceu comigo antes”. Pois
é, agora que envelhecemos, finalmente, podemos admitir que não fomos (ou somos)
tão infalíveis assim.
Agora, bom conselho deu-me o Sr. Herculano, meu sogro, do
alto da sabedoria dos seus noventa e dois anos bem vividos, exímio jogador de
bocha, companheiro de inúmeras viagens à praia, no dia do meu sexagésimo
aniversário, chamou-me do lado e disse:
- Sabe Sérgio, você é novo ainda, mas vou dar-lhe três
conselhos para aplicar assim que os anos forem passando: sempre vá ao banheiro
ao se deitar; nunca desperdice uma ereção e jamais confie num pum.
Sérgio Lordello
Professor
Comentários
Parabéns, sempre, professor.
Abraços,
A Moça.