A melhor linguiça
(revistacasaejardim.globo.com)
A discussão foi grande. A turma toda, reunida na Praça
Aurélio Giraldello, ali no encontro da Rua São João com a Rua Duque de Caxias,
bem na frente do Barzão, queria saber qual era a melhor linguiça caseira
vendida em Limeira. Sob a sombra da frondosa sibipiruna o pessoal tomava uma
cerveja bem gelada e beliscava alguns petiscos. Não havia acordo. Depois de citarem
inúmeros fornecedores não havia consenso nem de qualidade e muito menos de
preço. Foi então que o Julinho Gazzoto, filho de tradicional família do ramo,
lançou o desafio: a dele era muito melhor que todas elas e o preço então seria
bem menor.
Pronto, bastou. Foi acionado o sinal verde. O Jair
imediatamente ofereceu o sítio de seu pai Orestes e prontificou-se a correr
atrás da bebida, o próprio Julinho elaborou uma lista de ingredientes e cuidou
de comprá-los e o Neguinho foi verificar se o pandeiro, a timba e o chocalho
estavam no porta-malas do carro.
Além dos três, mais quinze pessoas inscreveram-se como ajudantes
e na tarde de sexta, todos partiram para o local. Era até bonito de ver, o
“chief” comandando o grupo dando ordens para o Amadeu Rossi (pai) picar o
pernil, o Stanley preparar o tempero e o Jair moer tudo. Depois tudo foi
misturado numa grande vasilha. Não se preocupem, pois o Julinho, enjoado como é
para essas coisas, exigia que todos lavassem as mãos seguidamente e usassem
avental.
Na hora de encher os gomos da linguiça quem comandava o
moedor era o Elias, ajudado pelo Neguinho para amarrá-los e, como é
extremamente detalhista, até elaborou um gabarito de madeira para que eles
ficassem todos com a mesma medida. Enquanto isto, lá fora, um segundo grupo,
comandado pelo Valdir Ferreira preparava um delicioso churrasco, regado por um
chope geladíssimo, pois, como vocês sabem cozinheiro também bebe. Depois de
tudo pronto, louça lavada, cozinha limpa é que o som, com o Bem-te-vi na
flauta, começou a alegrar a todos e a noite foi deliciosa. Lógico que depois de
muito samba, MPB e até pagode, madrugada já, começaram as músicas nostálgicas,
mas daí o Zia já estava dormindo com o copo na mão.
No outro dia, um balanço dava os números finais para o
evento: 38 kg do produto, 18 participantes, somando os ingredientes, o
churrasco, dois barris de chope e o custo total ficou em R$ 1.368,00. Tudo
certo, todos nós pagamos, pegamos a nossa respectiva parte e voltamos felizes
de para casa.
Só lá é que me toquei e percebi que o quilo daquela linguiça
havia custado R$ 38,00. Mas que linguicinha cara!!!
Sérgio Lordello
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