Pior que mulher
Depois que inventaram os
aparelhos portáteis de GPS terminou uma das maiores, das poucas, deficiências
que as mulheres têm em relação aos homens: o posicionamento geográfico ou senso
de direção. Nós, no entanto, continuamos ainda não sabendo encontrar nada na
geladeira sem ajuda delas, não conseguimos escutá-las dentro do carro sem abaixar
o volume do som e jamais nos sujeitamos perguntar a alguém um endereço quando
estamos nitidamente perdidos.
Existem exceções de ambos os lados. Algumas delas não têm a
menor preocupação em relação a isto, se deslocando com grande desenvoltura,
atingindo os seus destinos sem qualquer problema. Em compensação, do nosso
lado, quando o homem tem essa deficiência, é para o resto da vida, não tem
cura. Não há treinamento que dê fim a esta dificuldade e os exemplos são
muitos.
Durante treze anos seguidos, logo após o Natal, junto da
família, íamos ao litoral norte passarmos o réveillon. Logo no dia dois, seguia
para nos encontrar, lá, o meu cunhado e para quem conhece a região sabe que no
caminho, o mar sempre se encontra do lado direito de quem vai. Até que, numa
dessas viagens, após horas de estrada, minha cunhada questionou-o sobre porque
o mar estava do lado dele (esquerdo) e não do dela. Nem preciso falar que
chegaram com algumas horas de atraso.
Acredito até que, em alguns casos, seja genético, pois, em
outra oportunidade, meu sobrinho (Sandrinho) recebeu a seguinte instrução para
chegar ao nosso encontro em Bertioga: “no final da via D. Pedro, adentrar na
via Dutra pela sua direita”. Nem preciso dizer que ao ligarmos para saber qual
sua posição, respondeu que estava ainda em Caraguatatuba.
Agora caso sério é o do Josias (Zia para os íntimos), um dos
últimos remanescentes da classe dos alfaiates de Limeira. Num sábado, hora do
almoço, após o aperitivo com a turma, resolveu comer uma feijoada num
tradicional restaurante próximo da Anhanguera, com o amigo Sidnei. Primeiro não
acharam o tal restaurante, pois o mesmo fora pintado de outra cor, depois
tentaram outro, próximo ao pedágio e como não havia tal prato no cardápio há
tempos, resolveram regressar. Esqueceram-se do retorno e tiveram que pagar
pedágio na ida e na volta.
Agora impressionante mesmo foi o Pena. Convidado para o
aniversário da minha neta numa chácara na zona rural, ao receber o mapa de
acesso, foi, durante a semana inteira, treinar o trajeto, com um amigo, para
não errar no dia levando a esposa.
Sérgio Lordello
Comentários